Não há muitas cidades em Portugal que se possam vangloriar de terem sido capitais do país, mas Angra do Heroísmo pode gabar-se de tê-lo sido duas vezes ao longo da História.
Para além de Guimarães, Coimbra, Lisboa e até o Rio de Janeiro, esta cidade situada na costa sul da ilha Terceira, nos Açores, foi capital de Portugal duas vezes em situações complicadas para o país: durante a crise de sucessão de 1580 e, mais tarde, em 1830, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
Angra do Heroísmo foi um porto de escala obrigatório desde o século XV até ao aparecimento dos barcos a vapor, no século XIX. As suas imponentes fortificações de São Sebastião e de São João Baptista, construídas há cerca de 400 anos, são exemplares únicos de arquitetura militar.
A cidade desenvolveu-se a partir do seu porto, que se revestiu de grande importância estratégica entre os séculos XV e XIX.
Ao longo dos séculos esteve ligada à manutenção do Império Português, como escala obrigatória das frotas do Brasil, de África e das Índias. A classificação do centro histórico de Angra do Heroísmo de Património da Humanidade da UNESCO em 1983 – a primeira cidade no país a ser inscrita na lista – reflete a sua importância histórica e cultural.
Por tudo isto e muito mais vale a pena visitar Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Sugerimos-lhe alguns locais a não perder numa passagem pela ilha açoriana.
Igreja da Misericórdia
A igreja da Misericórdia situa-se em pleno centro histórico de Angra do Heroísmo. A igreja terá sido construída no início do século XVIII, no local onde, em 1492, tinha sido fundado o primeiro Hospital dos Açores. Num estilo barroco sóbrio, a igreja caracteriza-se pela nave central ladeada por duas torres sineiras com zimbório, decorada de branco e azul.
Sé de Angra do Heroísmo
A Sé Catedral de Angra do Heroísmo é o maior templo e um dos principais monumentos da cidade. O atual templo terá sido construído sobre a anterior igreja de São Salvador, datada provavelmente de 1496, ostentando um estilo gótico contemporâneo da data da sua construção.
A igreja, contudo, revelou-se pequena para a crescente população de Angra do Heroísmo, que se afirmava como uma vila em franca expansão e riqueza. Da primitiva igreja resta o altar-mor, situado debaixo da capela.
Museu de Angra do Heroísmo
Fundado em 1949, o Museu de Angra do Heroísmo encontra-se instalado no antigo Convento de São Francisco, no centro da cidade. Esta construção do século XVII, agora restaurada e adaptada a museu, tem anexa a igreja de Nossa Senhora da Guia, igreja de estilo maneirista da segunda metade do mesmo século.
Palacete Silveira e Paulo
João Jorge da Silveira e Paulo, cuja família viveu em São Tomé durante vários anos, mandou construir este palacete, terminado por volta de 1902. O seu interior apresenta, ao gosto da época, uma bela coleção de revestimentos a estuque.
Adquirido para serviço público, aqui funcionaram a Escola Industrial e Comercial, o Ciclo Preparatório e o Conservatório Regional de Angra do Heroísmo. Após obras de restauro e adaptação é, desde 2003, sede da Direção Regional da Cultura e do Centro do Conhecimento dos Açores.
Convento de São Gonçalo
O Convento de São Gonçalo foi o primeiro a ser construído em Angra do Heroísmo, sendo o maior conjunto conventual da cidade. Foi fundado em 1545, mas sofreu remodelações posteriores. Com dois claustros, cerca e granéis, a igreja e os coros, alto e baixo, são no estilo joanino.
Impérios do Espírito Santo
O município de Angra do Heroísmo conta com um total de 45 impérios construídos entre 1670 a 1998, a arquitetura é muito semelhante entre todos normalmente quadrangulares ou retangulares e com apenas um piso. Alguns deles inclui um edifício anexo designado por despensa, aqui é guardado o pão, carne e vinho utilizados nas festividades locais.
Fortaleza de São João Baptista
Iniciada por volta de 1592, por ordem de Filipe II de Espanha, I de Portugal, esta fortaleza envolve todo o Monte Brasil. Destinava-se primordialmente à proteção dos navios das índias ocidentais.
Forte de São Sebastião
Por sugestão de Isidoro de Almeida, o arquiteto Tomaz Benedito de Pesaro desenhou esta fortaleza, terminada no tempo de D. Sebastião. Demonstração de uma nova ideia de defesa costeira já sensível e consciente das novas funções de apoio portuário, podia cruzar fogo com a Fortaleza de São João Baptista, na costa do Monte Brasil.
Palácio dos Capitães-Generais
Situado em pleno centro histórico da cidade, o Palácio dos Capitães-Generais comprova o poderio económico da cidade ao longo dos séculos. O edifício foi mandado construir em 1570 pelo rei D. Sebastião, para oferta à então importante Companhia de Jesus, projetado como convento e colégio. Desde 1766 está destinado à residência dos Capitães-Generais dos Açores.