Destacado dirigente anarco-sindicalista, participou em movimentos insurreccionais contra a ditadura, foi preso e deportado por diversas vezes, julgado em Tribunal Especial, acabando por morrer no Tarrafal, com 44 anos.
Mário Castelhano nasceu em Lisboa, em 1896, e faleceu no Tarrafal, Cabo Verde, a 12 de Outubro de 1940. Foi um destacado militante anarco-sindicalista dos anos 20 e 30. De origem modesta, começou a trabalhar aos 14 anos na Companhia Portuguesa dos Caminhos-de-Ferro, participado nas greves de 1911, 1918 e 1920, vindo a ser despedido pela sua participação na organização destas últimas greves. Passou então a ocupar-se em actividades de escrituração no Sindicato de Ferroviários de Lisboa, na Federação Ferroviária e na Confederação Geral do Trabalho. Membro da comissão executiva da Federação Ferroviária, ficou com o pelouro das relações internacionais e a responsabilidade de redactor-principal do jornal A Federação Ferroviária. Dirigiu também os jornais O Ferroviário e O Rápido.
Participou na reorganização do Conselho Confederal da CGT, após o 28 de Maio de 1926, de onde saiu eleito responsável do novo secretariado e redactor-principal de A Batalha. Após a tentativa insurreccional de Fevereiro de 1927, a repressão policial acentuou-se, a CGT é ilegalizada e o jornal A Batalha assaltado, vindo Mário Castelhano a ser preso em Outubro do mesmo ano e deportado no mês seguinte para Angola, onde ficou dois anos.
Em Setembro de 1930, foi enviado para os Açores e em Abril de 1931, para a Madeira, participando na insurreição desta ilha contra o Governo. Com a derrota deste movimento, foge da ilha, embarcando clandestinamente no porão do navio Niassa. Em 1933, estava de novo à frente do secretariado da CGT e faz parte do grupo que organiza o 18 de Janeiro de 1934. Preso a 15 de Janeiro, três dias antes do movimento, é condenado pelo Tribunal Especial Militar a 16 anos de degredo. Embarcou em Setembro de 1934, com destino à Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, e em Outubro de 1936, para o campo de concentração do Tarrafal, onde morreu.
Em 1975, o seu livro Quatro Anos de Deportação foi editado em Lisboa pela "Seara Nova", como Volume 19 da "Colecção Seara Nova".
Foi condecorado, postumamente, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, a 30 de Junho de 1980.
(*) Manuel Loff in
http://resistencia.centenariorepublica.pt/.../37...
ALGUMAS NOTAS
- «Mário Castelhano tem, passados quase 39 anos, desde a publicação do Edital de 19/06/1979, uma artéria que o homenageia, na Freguesia das Avenidas Novas, no que era um troço da Avenida António Augusto de Aguiar entre as Ruas Dr. Álvaro de Castro e Cardeal Mercier, com a legenda «Sindicalista/1896 – 1940». A sugestão aceite pela edilidade partiu de Emídio Santana, outro sindicalista libertário»,
in https://toponimialisboa.wordpress.com/.../a-rua-do.../
- A fotografia de Mário Castelhano foi guardada por Mário Duarte Castelhano, filho de Mário dos Santos Castelhano e de Lucinda Duarte (esta, professora primária e também militante libertária), e pela viúva daquele, Ana Maria Gameiro Duarte Castelhano. Cumprindo uma sua última vontade, entregue ao Arquivo Histórico-Social, criado pelo Centro de Estudos Libertários, reunido em Lisboa nos anos 1980-1987 e depositado na Biblioteca Nacional, o qual foi depois doado a esta instituição e posteriormente acrescentado de mais alguns espólios e doações.
- As fotografias deixadas por nós em comentários foram tiradas à família de Mário Castelhano (incluindo o filho) quando aquele se encontrava clandestinamente a viver num moinho, na Ramada (Odivelas, nos arredores de Lisboa), onde tinham instalado a tipografia clandestina da CGT.