A estratégia usada por Moçambique para combater a insurgência na província de Cabo Delgado tem sido questionada por vários sectores da sociedade civil, com o Centro Para Democracia e Desenvolvimento, liderado por Adriano Nuvunga, a dar conta de que o uso de mercenários é contra a convenção da União Africana.

Nuvunga considera que essa opção por mercenários é contrária ao investimento que foi feito para apetrechar o exército.

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“Achamos inconcebível que Moçambique esteja a usar mercenários hoje, porque durante os últimos 10 anos o Governo reservou 20% do orçamento de Estado para exército, mas esse dinheiro não era usado para modernizar e apetrechar o exército porque não havia transparência”, diz Adriano Nuvunga.

Este investigador sublinha que “Moçambique não deve utilizar mercenários no quadro da convenção [da União Africana], ainda que não tenha sido assinada, porque vai em contramão na dinâmica atual da governação militar e da gestão da soberania”.

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Moçambique já solicitou o apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para combater a insurgência, porém o mesmo tarda em chegar, apesar de África do Sul ter já manifestado a possibilidade de apoiar.

Paulo Wache, professor universitário, diz que a demora prende-se com o formalismo burocrático que cada país leva para tomar a decisão, e no caso da África do Sul “é preciso que aprove isso no parlamento”.

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Wache recorda que “em 2013, governo (sul-africano) determinou ajudar a República Centro Africana e morreram três soldados, isso foi um grande assunto porque não tinham pedido autorização ao parlamento”.

Mas Adriano Nuvunga vê este atraso com preocupação, uma vez não há sinais de transparência em relação ao que o Governo pediu.

“Na última reunião [da SADC] não tinham falado de um pedido que está em cima da mesa, nem sequer esteve na agenda, o que se está a passar aqui? Pode parecer que o próprio Governo de Maputo não está a fazer adequado seguimento ao assunto (...) provavelmente esteja mais interessado em usar os mercenários”, comenta Nuvunga.

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