A ideia é a de conceber um teste simples e rápido que permite detetar muito mais cedo vários tipos de cancro

Um aparelho para detetar cancros através da respiração de uma pessoa, à semelhança daqueles que são usados para detetar álcool em condutores, vai começar a ser testado no Cancer Research UK, um centro de investigação no Reino Unido. O centro abriu inscrições para os 1500 voluntários necessários e os resultados devem ser apresentados daqui a dois anos.

A premissa é a de que o cancro, como outras doenças, leva as células a produzir certas moléculas, os chamados compostos orgânicos voláteis, que entram no sangue e, a partir daí, na respiração humana. Espera-se que a deteção desses compostos torne possível encontrar sinais de cancros específicos.

Bastará a pessoa respirar dez minutos para a máquina e os resultados serão conhecidos em poucos dias, contra as semanas de espera que uma biopsia costuma implicar. Inicialmente, a experiência incidirá sobre os cancros do estômago e do esófago, sendo mais tarde alargada a outros: rim, pâncreas, próstata, bexiga ou intestino.

Um dos investigadores envolvidos, David Crosby, explicou: "Parece futurista mas é uma coisa bastante real e o potencial é enorme. Quando se deteta o cancro cedo, o potencial de tratamento é muito mais elevado. Em muitos casos, simplesmente não há bons testes para detetar cancros muito no início porque eles não têm sintomas. Ter um teste que é relativamente barato - e não-invasivo, para não ter de se fazer uma biopsia - seria uma grande vantagem".

O odor da respiração humana já serve para ajudar a detetar outras doenças, incluindo diabetes. Se os resultados agora forem positivos, a tecnologia em causa, que foi desenvolvida por uma empresa privada cujo proprietário viu a sua mulher morrer de cancro aos 36 anos, poderá vir a dar uma contribuição importante para salvar milhões de vidas em todo o mundo.

LUÍS M. FARIA

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