A cidade de Angra do Heroísmo tinha sido devastada pelo sismo que, em 1980, se fez sentir com grande intensidade em toda a ilha Terceira provocando dezenas de mortos, centenas de feridos e o desmoronamento da maior parte do património edificado em toda a ilha, em geral, e no centro histórico de Angra em particular.

O Dr Jorge Forjaz, historiador, amante da sua cidade e, na altura, Director Regional dos Assuntos Culturais, foi testemunha privilegiada do processo de reconstrução de Angra.

Neste importante depoimento, Jorge Forjaz, recorda a iniciativa do Instituto Histórico da Ilha Terceira, naquela altura, presidido pelo Dr Álvaro Monjardino e da necessidade que se sentia de se conseguir legislação adequada para que o processo de reconstrução não arrasasse por completo o legado histórico de Angra do Heroísmo.

Foi neste contexto que surgiu a ideia da apresentação de uma candidatura de classificação de Angra como Património Mundial da Unesco.

Um processo que Jorge Forjaz acompanhou de perto.

Angra – Cidade Património Mundial da UNESCO - PASSAM HOJE 38 ANOS - JORGE fORJAZ

Conseguida a classificação de Angra como Património Mundial da UNESCO teria sido de esperar que houvesse um entusiasmo coletivo que, na verdade, não aconteceu.

As regras impostas pela classificação e o “turbilhão” em que a reconstrução tinha mergulhado criaram enormes tensões entre as pessoas e entre várias entidades.

Jorge Forjaz recorda, neste seu depoimento, esses anos difíceis.

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

É com este espírito que Jorge Forjaz, na distância do tempo, olha os dias andados após a classificação.

O historiador acha que valeu a pena, mas interroga-se e lança essa interrogação:

Se não tivesse havido a classificação, não teríamos chegado ao mesmo ponto?

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