O presidente da Câmara de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses, disse hoje que é “absolutamente inviável” o transporte dos resíduos da ilha de São Miguel para a Terceira para serem incinerados, como propõem os ambientalistas.

Ouvido na comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do parlamento açoriano, o socialista considerou que só seria possível a incineradora da ilha Terceira receber os resíduos de São Miguel se existisse um “grande investimento” naquelas duas ilhas que permitisse “reduzir substancialmente os materiais” provenientes de São Miguel.

Ainda assim, Álamo Meneses lembrou que o “transporte é neste momento proibitivo” e que a deslocação dos resíduos causaria mais impactos ambientais (ao nível da emissão de carbono) do que se fossem incinerados em São Miguel.

“Nas atuais circunstâncias, isso torna absolutamente inviável o envio de materiais de São Miguel para aqui [na Terceira]”, afirmou, a propósito de iniciativas parlamentares do PPM, BE, PAN e Chega relacionadas com a gestão de resíduos.

A 06 de abril de 2021, o Movimento Salvar a Ilha apelou ao Governo dos Açores para travar o projeto de construção de uma incineradora em São Miguel e para apoiar o transporte até à Terceira dos materiais rejeitados pelo tratamento mecânico e biológico de São Miguel.

O presidente da câmara de Angra do Heroísmo defendeu que a construção de uma incineradora em São Miguel é a “solução mais adequada, quer do ponto vista ambiental, quer do ponto vista económico”.

“É muito difícil conceber ilhas distantes como as nossas que não tenham um tratamento local de resíduos. […] Do ponto vista estratégico, creio que é importante criar a outra incineradora [em São Miguel] e dimensioná-la, obviamente, corretamente”, afirmou o autarca, que é professor universitário de profissão na área da engenharia ambiental.

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Sobre a incineradora da Terceira, Álamo Meneses destacou que a infraestrutura, inaugurada em 2016, tem um “horizonte de vida de mais 20 anos”.

O presidente do município destacou que aquele equipamento foi “pensado” para que existisse “uma outra incineradora em São Miguel”, uma vez que foi “dimensionado” para receber os resíduos de apenas sete ilhas açorianas, como acontece atualmente.

“[A incineradora da Terceira] foi dimensionada para sete ilhas face ao volume de materiais que, na altura, se previa que fosse produzido nessas sete ilhas. E as coisas até correram bastante bem. Não há grandes desvios em relação aos valores que estavam previstos”, assinalou.

A 07 de outubro de 2021, o Movimento Salvar a Ilha alertou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, bem como a Comissão Europeia, para um “grave incumprimento” da legislação comunitária sobre ambiente se a incineração avançar na ilha de São Miguel.

Em 2016, a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel decidiu, por unanimidade, avançar com a construção de uma incineradora de resíduos, orçada em cerca de 60 milhões de euros.

O contrato entre a italiana Termomeccanica e a MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente para a construção, num investimento de 58 milhões de euros, foi assinado em fevereiro, apesar das contestações judiciais por parte de associações ambientalistas.

Em maio, o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas do Governo dos Açores, Alonso Miguel, disse que o executivo “não tem qualquer intenção de interferir” nas competências dos municípios, a propósito desta obra.

 

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