As festas Sanjoaninas de Angra do Heroísmo, nos Açores, regressam na sexta-feira à "normalidade", depois de uma interrupção provocada pela pandemia de covid-19, e o município estima uma “enchente” nas ruas, com turistas, emigrantes e locais.

“Todas as indicações que temos é de que vamos ter uma enchente durante este período das Sanjoaninas. Já há dois ou três meses que tínhamos indicação, principalmente dos principais agentes do setor hoteleiro e do alojamento em geral na ilha, de que os lugares já eram muito escassos”, afirmou, em declarações à Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Guido Teles.

Consideradas como uma das maiores festas profanas do arquipélago, as festas Sanjoaninas, organizadas pelo município, atraem todos os anos milhares de pessoas à cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

O São João é celebrado numa festa que se estende por 10 dias, com cortejos, marchas populares, música, gastronomia, tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.

Depois de terem sido canceladas em 2020, as festas foram retomadas em 2021, mas com limitações, devido à pandemia de covid-19.

Em 2022, as festas realizam-se de 17 a 26 de junho, com o tema “Angra, respirar fundo e sair a dançar”, precisamente para celebrar o “regresso à normalidade”, explicou o vice-presidente da autarquia.

“Depois de um ano de paragem e de umas Sanjoaninas muito adaptadas àquilo que era possível, voltamos à rua, com as manifestações festivas normais, com os desfiles, com as marchas, com as tascas, com todo o movimento e com as características que identificam as Sanjoaninas”, afirmou.

São esperados muitos turistas na ilha, mas também muitos emigrantes, que escolhem esta época do ano para regressar a casa.

“Aquilo que nos tem chegado dos representantes das comunidades de emigrantes é que este ano esperam que muitos dos nossos emigrantes venham matar saudades da sua terra e participar nas Sanjoaninas”, adiantou Guido Teles.

Entre os locais, há também “muita vontade e muita expectativa” de voltar a participar nas festas.

“As pessoas estão habituadas a ter este momento de festa, de alegria, de animação todos os anos. Nestes dois últimos anos, viram-se privadas disso. O que nos tem chegado é essa vontade inequívoca de ir para a rua e as saudades de viver estes dias de Sanjoaninas, de poder ter o contacto com os amigos, com os familiares que vêm de fora, com a gastronomia característica das nossas festas”, revelou o autarca.

O município de Angra do Heroísmo estima investir cerca de “um milhão de euros” na realização das Sanjoaninas.

“São umas festas grandes em área, grandes em duração – estamos a falar em 10 dias seguidos –, têm cinco palcos, envolvem uma área bastante extensa. Conseguir ter animação, decoração, toda a componente logística para umas festas desta envergadura exige um investimento bastante considerável”, apontou Guido Teles.

O investimento tem, no entanto, retorno para a economia da ilha, que conta com um aumento de receitas neste período do ano.

“Não é só o movimento e a dinâmica económica que é trazida por quem nos visita, é também a dinâmica que se gera por todos os residentes da ilha, por toda a gente que se concentra nas festas, por todos os negócios que se acabam por instalar”, explicou, dando como exemplo os espaços de gastronomia e as feiras de artesanato.

Pelo palco principal das Sanjoaninas vão passar nomes como Diogo Piçarra, Marco Paulo, Daniela Mercury, Maninho, Wet Bed Gang, Carlos Alberto Moniz, Virgem Suta e Gisela João.

A noite de marchas, na véspera do dia de São João, feriado municipal, é uma das que atraem mais pessoas à cidade.

Ainda que o número não se aproxime de edições anteriores à pandemia, estão inscritas 21 marchas, incluindo uma da ilha de São Miguel e outra da Madeira.

 

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