2019 Foi um ano, durante o qual, a Praia Links – a Startup da Praia da Vitória - sofreu uma profunda reestruturação.

Nesta conversa Tiago Ormonde, vereador da Câmara Municipal da Praia da Vitória, dá-nos conta dos traços essenciais e, também, de como a incubadora de empresas se tem vindo a articular com outros projectos que estão em fase de desenvolvimento na Ilha Terceira.

A segunda parte desta entrevista será publicada na próxima segunda-feira, dia 27 e abordará a questão do investimento que tem vindo a verificar-se no passado recente no concelho da Praia da Vitória

IPV – Quais os elementos essenciais da reestruturação efectuada, em 2019, na Praia Links?

TO – Tudo o que diz respeito a políticas de empreendedorismo, criação de emprego, novas empresas, tem resultado de todo um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, quer a nível regional, quer a nível local na ilha Terceira.

Devo, até, dizer que o que tem sido feito na Terceira ao nível do empreendedorismo não é muito habitual no contexto nacional e internacional. Se repararmos bem, numa ilha com 55 mil habitantes, temos em pleno funcionamento a Praia Links na Praia da Vitória, a Incubadora em Angra do Heroísmo e o Terinov. Este último com um grande sucesso no sentido de receber e albergar muitas novas empresas estando, neste momento, com uma taxa de ocupação de 90 por cento.

Por isso estes resultados são consequência de um trabalho muito meritório de um conjunto alargado de entidades e de pessoas ao nível local e que não deve ser muito habitual como já referi.

Neste contexto considero que as incubadoras ao nível local devem procurar uma renovação constante no redireccionamento dos seus objectivos dentro de um quadro de novos desafios que estão sempre a surgir quase diariamente.

Temos acompanhado um conjunto de projectos de empresas cujos empreendedores pretendem criar o seu negócio nas mais diversas áreas de actividade.

Identificamos sempre alguns sectores que consideramos prioritários como são os casos do Turismo, do Agro-Comercial, a Economia do Mar, ou seja, avaliamos um conjunto de sectores que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento económico do concelho.

- Esse é o contexto que levou à reestruturação da incubadora. De concreto quais os segmentos essenciais da mesma?

- Apesar de tudo que já disse, temos que ter a noção de que não existe, entre nós, uma cultura empreendedora.  É algo que não acontece de um dia para o outro e leva anos a construir.

Nesse sentido procuramos desenvolver e criar novos projectos no sentido de levar o empreendedorismo às escolas. Temos feito um trabalho muito próximo das crianças, um dos quais se interliga com o Terceira Tech Island a que chamamos a Academia de Código Juvenil que pretende ensinar as crianças a trabalhar com programação informática através de um primeiro contacto com essa realidade preparando-as, desse modo, para o futuro, ao mesmo tempo que os ensinamos a serem empreendedores, ensinar o que é o dinheiro e o seu valor, o investimento, o retorno e o risco que está sempre inerente no empreendedorismo tudo isto no sentido de criar esta cultura que, obviamente, não vai ter resultados nem amanhã nem depois mas que terá esses resultados a breve trecho, a 10, 15 anos…

Este trabalho na escola não tem sido feito apenas junto dos mais novos mas também junto daqueles mais velhos, nomeadamente na escola profissional e nos alunos do 10º ao 12º ano, tentando captar ideias de negócio e de investimento para que consigam, em conjunto com os nossos técnicos, desenvolverem essas ideias que já trazem consigo. Muitas vezes são boas ideias que apenas precisam de um “input” de desenvolvimento.

Em suma, redirecionámos muito o trabalho da Praia Links para esta vertente dos mais novos.

Para além disso estamos, do mesmo modo, a redirecionar a incubadora para o nosso comércio local. Estamos a fazê-lo através de projectos formativos junto dos nossos comerciantes…

- Isso é feito isoladamente ou em parceria com a Câmara de Comércio?

- Neste caso somos só nós, no entanto trabalhamos e desenvolvemos em parceria com a Câmara de Comércio muitas outras iniciativas, mas neste especificamente, somos apenas nós, mais a mais porque está interligado com o programa “Viver e Investir na Praia da Vitória” cuja gestão está a ser feita pela Praia Links no sentido de poder transmitir aos nossos comerciantes todo o “know how” de que dispomos.

Com isso queremos criar uma nova economia ao nível do comércio local, de o transformar, de trazer novas ideias, poder captar novos investidores que queiram abrir novas lojas de comércio aqui na cidade em sectores onde ainda, eventualmente, não existam.

Neste domínio o programa “Viver e Investir” que referi acima tem, justamente, essa finalidade que é a de criar meios a para que haja uma atractividade efectiva para que venham novos investidores sem penalizar os que já cá estão instalados. Queremos rejuvenescer o nosso comércio através deste trabalho que é feito pela nossa incubadora.

Há muitas empresas que, tendo começado na Praia Links, tenham conseguido “massa crítica” e tenham saído para o mercado de uma forma consolidada?

- Sem dúvida que sim. Temos algumas empresas, essencialmente, no sector do Turismo em vários dos seus segmentos, que estão em pleno funcionamento.

De igual modo temos empresas que deram aqui os primeiros passos e que estão a funcionar em pleno na área do agro comercial. Com isto quero dizer que temos casos de sucesso em projectos que estiveram aqui alojados fisicamente e de outros que foram apoiados pelos nossos técnicos que apoiaram o seu desenvolvimento.

Temos prémios para os projectos que, ao abrigo do programa operacional 20/20, se queiram aqui instalar.

Abrimos concurso para ideias de negócio cujas candidaturas são, depois avaliadas dentro daquele quadro geral que referi e que se relaciona com os sectores que se enquadram como prioritários para o concelho.

Para os que são apurados oferecemos, durante 4 meses, um valor de 400 euros para os que se queiram instalar aqui na incubadora, quem passa à fase seguinte recebe mais um valor e no caso daqueles que saem daqui já para uma consolidação mais definitiva temos o prémio Startup.

O que nós pretendemos é que estejam cá o menos tempo possível abrindo lufar para outros e sinalizando que são negócios com “pernas para andar” criando a sua sustentabilidade já no mercado real. Para esses temos um prémio no valor de 10 mil euros.

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