O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, afirmou hoje, em Washington, esperar que o Centro para a Defesa do Atlântico na ilha Terceira, nos Açores, “veja a luz do dia antes do final do ano”.

A previsão foi feita por Gomes Cravinho numa conferência no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, sigla em inglês), em Washington, onde foi convidado a falar sobre os desafios da NATO e da União Europeia em matéria de defesa e segurança.

O ministro português explicou aos convidados do 'think tank' que esta ideia de usar instalações da base das Lajes, na ilha açoriana, onde os EUA ainda têm presença militar, visa, entre outros obetivos, promover uma capacidade marítima de segurança para os países do golfo da Guiné.

Gomes Cravinho exemplificou que, “em 2018, 40% dos incidentes de pirataria em todo o mundo tiveram lugar no Golfo da Guiné” e que os números do primeiro trimestre do ano apontam que “a percentagem está a aumentar”.

A zona é uma rota importante no comércio mundial, argumentou, e os países da região “estão a enfrentar grandes dificuldades em controlar as suas águas”.

É um problema, disse, que necessita de “uma aproximação regional", em que este comando pretende ajudar a responder, e para o qual se espera ter apoios por parte de outros países, como Estados Unidos.

Em 26 de abril de 2018, o Governo português aprovou uma resolução que autoriza a criação do Centro para a Defesa do Atlântico na Ilha Terceira, nos Açores, focado “no domínio da segurança marítima, mas igualmente com um alcance nos domínios terrestre, aéreo e da ciberdefesa”.

A ideia com a implementação do centro é "colmatar lacunas existentes no espaço Atlântico e contribuir para o reforço da afirmação de Portugal como produtor de segurança" junto de instituições como a União Europeia, a ONU, a NATO, aliados como os EUA e da comunidade internacional em geral.

Numa visita às Lajes, em março desse ano, o antecessor de Cravinho no Ministério da Defesa, José Azeredo Lopes, afirmou esperar que “a institucionalização” do centro “possa ocorrer algures perto do fim da legislatura”, depois do verão de 2019, o que coincide com o calendário referido pelo ministro português hoje, em Washington.

“Vai ser uma estrutura que é promovida por Portugal, que só vai poder existir tal como foi concebida se for claramente internacional e será claramente internacional se atrairmos os principais Estados que têm capacidade para falar sobre a segurança do Atlântico”, frisou Azeredo Lopes.

O então ministro realçou ainda “o facto de a NATO ter vindo recentemente a olhar para o Atlântico”, que estava “remetido para um plano menos importante”.

“Questões securitárias do norte do Atlântico, questões ligadas à segurança marítima, especialmente no Golfo da Guiné, convocam de novo os estados para olharem para este oceano e, necessariamente, para os Açores, pela crucial posição geopolítica e de centralidade atlântica que os Açores têm”, observou.

Depois desta conferência do CSIS, que decorreu às 10:00 locais (15:00 em Lisboa), o ministro português da Defesa Nacional tem agendado um encontro às 14:00 (19:00 em Lisboa) com o secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, no Pentágono.

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