As start-ups europeias estão de olhos postos na inovação médica, um eixo importante para o desenvolvimento humano. Os projetos inovadores surgem dos mais diversos países.

Cientistas e médicos estão a começar a usar as inovações em setores como a Inteligência Artificial (IA) ou impressão 3D, como ferramentas que possibilitam a realização de diagnósticos de forma mais fácil e precisa, terapêuticas melhoradas, desenvolvimento de novos medicamentos ou produção de próteses personalizadas.

O site EU-startups preparou uma lista de 10 start-ups que nasceram no mundo académico ligado à saúde e que desenvolvem e implementam tecnologias de ponta no diagnóstico e tratamento de doenças, entre as quais o cancro, problemas cardíacos, passando pela ortopedia e doenças raras. Aqui fica uma amostra do que se anda a fazer em diferentes países da Europa no campo da inovação tecnológica ao serviço da saúde.

FindMeCure – A empresa búlgara FindMeCure autodenomina-se “o Google dos ensaios clínicos”. Esta plataforma online liga potenciais pacientes a testes clínicos onde estejam a ser desenvolvidos tratamentos para a sua doença. O paciente tem apenas de identificar qual o problema, idade e localidade e a plataforma apresenta-lhe uma lista de testes clínicos mais próximos. Fundada em 2015, a FindMeCure arrecadou 420 mil euros no financiamento inicial.

DNA Script – Este projeto é parisiense e produz ADN sintético para fins de pesquisa científica. A start-up usa uma tecnologia que permite acelerar a pesquisa de novos medicamentos, na medicina regenerativa, bem como no armazenamento de dados agtech e de ADN. O portefólio de produtos baseado na plataforma de síntese enzimática da DNA Script permitirá aos investigadores de biologia molecular acelerarem as investigações. A start-up, criada há cinco anos, recebeu um financiamento total de 56 milhões de euros, incluindo uma ronda de série B em maio último de 34,4 milhões de euros.

Mecuris – Esta start-up alemã, fundada em 2016, usa impressão 3D para preparar próteses e ortóteses (suportes artificiais para os membros ou para a coluna). A empresa desenvolveu uma plataforma que permite aos médicos e técnicos de ortopedia imprimir em 3D produtos personalizadas para cada paciente. O sistema desenvolvido não requer conhecimentos ou experiência prévia em projeto ou impressão 3D.
A plataforma utiliza imagens do paciente (por exemplo tomografia computadorizada ou ressonância magnética) para personalizar, de forma semiautomática, os projetos 3D para a produção dos dispositivo. A Mecuris conseguiu um financiamento de 3,6 milhões de euros de Série A em janeiro deste ano.

Therapixel – Outro projeto francês, no caso com uma tecnologia que aplica a inteligência artificial (IA) à radiologia, nomeadamente no diagnóstico do cancro da mama. A Therapixel venceu o DREAM Digital Mammography Challenge de 2017, a maior competição mundial de IA, com 1200 participantes e o prémio de 1,2 milhões de dólares (1 milhão de euros). Fundada em 2013, a start-up teve um financiamento de Série A no valor de 5 milhões de euros em março deste ano.

Genomtec – Sediada na Polónia, concebeu um dispositivo móvel para o diagnóstico de doenças, que em apenas 15 minutos permite identificar agentes patogénicos perigosos, incluindo vírus, bactérias e fungos, ampliando e detetando fragmentos específicos de ADN e RNA (Ácido Ribonucleico).
O sistema de diagnóstico da Genomtec pode se usado tanto em humanos como em animais, e em locais como hospitais, clínicas, laboratórios, na indústria pecuária ou ainda no controlo de contaminação ambiental. A Genomtec recebeu um financiamento de 2 milhões de euros em janeiro de 2019.

Invent Medical – Originária da República Checa, esta start-up também atua no ramo das ortóteses e próteses personalizadas. Desenvolve os seus produtos sob a perspetiva de que cada pessoa é única e como tal as necessidades e preferências de cada um são distintas. Utiliza a tecnologia de impressão 3D para a produção e permite configurações interativas dos seus produtos. Ou seja, os pacientes podem ser cocriadores das suas próteses ou ortóteses, o que contribui fortemente para a aceitação destes dispositivos e para a satisfação dos utilizadores. Fundada em 2015, a Invent Medical recebeu, no ano passado, um apoio de 50 mil euros do programa Horizon 2020.

FibriCheck – Com cinco anos de atividade, a francesa FibriCheck desenvolveu uma aplicação para smartphone que mede o ritmo cardíaco e monitoriza as arritmias cardíacas ou o risco de acidente vascular cerebral. Esta aplicação é a primeira solução de diagnóstico Classe IIa certificada pela CE para detetar distúrbios do ritmo cardíaco. A utilização é muito simples e rápida: o paciente só tem descarregar a app, colocar o dedo no smartphone durante um minuto para aparecerem os resultados. Estes podem ser enviados ao médico assistente para avaliação e análise. A empresa pretende, deste modo, superar as limitações relacionadas com a disponibilidade e acesso a dispositivos médicos de monitorização cardíaca, possibilitando que todas pessoas possam verificar o ritmo cardíaco em casa ou noutro lugar apenas com o smartphone. A FibriCheck foi fundada em 2014 e teve um investimento de 1,5 milhões de euros.

ABLE Human Motion – Esta start-up nasceu no ecossistema da Universitat Politécnica da Catalunha, Espanha. Está a desenvolver o primeiro exoesqueleto leve, fácil de usar e acessível a pacientes com lesão medular e paralisia de membros inferiores com o objetivo de restaurar a capacidade de andar de forma natural e intuitiva. O exoesqueleto, designado ABLE, ajuda a diminuir os problemas de saúde causados pela imobilidade, aumentando a autoconfiança e a independência. A start-up espanhola foi fundada em 2018 e recebeu um subsídio de 50 mil euros do programa da Horizon 2020.

RTsafe – Este é um projeto grego que criou uma solução para personalizar o processo de radioterapia de forma a garantir de qualidade do procedimento de tratamento oncológico. A proposta de tratamento pode ser verificada em simulação antes de ser efetivamente usada no paciente. O conceito recorre à utilização de impressão 3D para criar réplicas anatómicas exatas do corpo do paciente onde irá receber a terapia, para testar os impactos da radiação e diminuir as probabilidades de efeitos secundários. A RTsafe conquistou o primeiro lugar na competição Enterprise Startup Greece Startup do MIT em 2015, um ano após a sua fundação e sua solução personalizada foi aprovada pelo FDA em 2018.

PredictImmune – A start-up britânica desenvolve testes de prognóstico para direcionar as opções de tratamento e otimizar os resultados da terapêutica em pacientes que sofram de doenças relacionadas com o sistema imunológico, como doença inflamatória intestinal (DII), doença de Crohn ou Lúpus. Nascida no ecossistema da Universidade de Cambridge, a PredictImmune desenvolveu um exame de sangue simples para a doença de Crohn e para a colite ulcerativa que ajuda a identificar com precisão os pacientes que estão em risco de sofrer uma doença grave e que eventualmente podem beneficiar de intervenções biofarmacêuticas precoces. A start-up obteve recentemente um financiamento de Série B de 11 milhões euros.

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