As maiores festas dos Açores regressam à cidade Património Mundial no próximo mês de junho. Guido Teles, vice-presidente, afirmou que “tudo está a ser preparado para termos umas Sanjoaninas nos moldes tradicionais. Os sinais que temos vindo a receber ao longo das últimas semanas indiciam uma progressiva eliminação das restrições. Temos, por isso, razões para acreditar que no próximo mês de junho teremos condições para respirar fundo e sair a dançar”.
O regresso das Sanjoaninas também motivou a renovação da sua imagem, com um cartaz que ilustra o impacto das festividades na paisagem urbana da cidade, da autoria do designer de comunicação Rúben Quadros Ramos.
Entre 17 e 26 de junho, as Sanjoaninas prometem encher as ruas da cidade de Angra do Heroísmo com concertos, gastronomia, tauromaquia, desporto, desfiles, exposições e marchas populares, num encontro de gente e tradição bem característico da ilha Terceira.
O tema (Angra: Respirar Fundo e Sair a Dançar)
«Nós somos os que venceram os terramotos. Os que caminharam sobre a lava de vulcões. Somos os que abriram o peito às tempestades – porque não haveríamos de dançar sobre as cinzas de uma epidemia também? Em 2022, as Sanjoaninas fazem um intervalo na celebração do passado para comemorar o presente e, com este, o futuro. O regresso à normalidade. O convívio entre as gentes. O primado dos sentidos. Este ano, portanto, respiramos fundo e saímos dançando. E havemos de ser dos primeiros, como fomos os primeiros em tanta coisa nestes seis séculos. Em nome da benignidade do ócio e do poder redentor da alegria. É a vitória do Homem sobre a ameaça, o que este ano comemoramos. O triunfo da esperança sobre o desespero. Esse auspicioso momento em que o medo se fez coragem e esta se transforma em júbilo. Como tantas vezes se fez vida a partir do colapso. Criação a partir do pó. Afinal, esteve sempre entre nós, a lição. Na força avassaladora dos elementos. Na vontade indómita do homem – que, apesar de tudo, prevalece. Vivemos um tempo de desafios. Os recursos do planeta esfumam-se. A confiança na ciência dá lugar à crendice e ao desamor. Grassam o racismo, a misoginia, a homofobia, o fanatismo, o ódio. Mas nós somos os que venceram os terramotos. A nossa natureza renova-se como mais nenhuma, apesar de tudo. E, ademais, sempre tivemos os braços abertos ao outro. Aqui, no centro do mundo, regressamos ao essencial. Filhos da compaixão e da possibilidade, respiramos fundo e saímos a dançar. Todos.»
O cartaz
Este regresso ao modelo habitual das festividades é igualmente assinalado pela renovação da imagem de marca. Com um novo discurso visual inspirado no estilo urban sketching, o cartaz ilustra a paisagem urbana que as Sanjoaninas projetam na cidade de Angra. O desejo pelo regresso das festas só poderia ser representado assim, como se fosse desenhado pela mão invisível da multidão, em traços de esperança e aguarelas de desejo.»