As festas Sanjoaninas, em Angra do Heroísmo, nos Açores, que arrancam na quinta-feira, contam com centenas de participantes de fora da ilha, entre marchas, filarmónicas, charangas e até Caretos de Podence.

“O facto de termos tantos grupos a participar e com vontade de fazer parte da nossa festa é um motivo de orgulho e uma resposta a uma das nossas características mais reconhecidas, que é esta capacidade de receber”, adiantou, em declarações à Lusa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Guido Teles.

As festas, organizadas por aquele município da ilha Terceira, celebram o São João durante 11 dias (mais um do que o habitual, nesta edição), com cortejos, marchas populares, música, gastronomia, tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.

Este ano, participam 16 grupos de outras ilhas, do continente e até dos Estados Unidos da América (EUA), incluindo 10 marchas (nove de adultos e uma de crianças), quatro filarmónicas e uma charanga.

No ano em que as festas celebram o 40.º aniversário da inscrição de Angra do Heroísmo na lista do Património Mundial da UNESCO, vão passar também pelas ruas da cidade os Caretos de Podence, reconhecidos como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2019.

Para além de darem uma maior “dimensão” às festas, estes grupos “trazem imensos amigos e familiares”, que dão um contributo à economia local, segundo Guido Teles.

“O alojamento, tanto quanto sabemos, está praticamente esgotado desde o início do ano”, salientou.

A “noite mais longa do ano” em Angra do Heroísmo será, este ano, ainda mais longa, com o desfile de 35 marchas populares pelas principais ruas da cidade, incluindo nove de fora da ilha, a que se somam nove marchas de crianças (uma de São Miguel) na noite seguinte.

“Será uma noite mais longa do que estamos habituados, porque temos 35 marchas a desfilar na noite de 23, mas é sinal de que muitas querem participar e festejar o São João nas Sanjoaninas”, frisou Guido Teles.

O número já foi superior, mas em edições anteriores as marchas eram divididas por duas noites.

Se todos cumprirem com os tempos máximos estabelecidos pela autarquia, estima-se que o desfile termine por volta das 5:00, com tempo para saltar a fogueira na Rua de São João antes de o sol nascer.

Com seis marchas de São Miguel (incluindo uma de crianças), duas do Faial e duas dos Estados Unidos, há um recorde de participação de fora da ilha.

Foi a Marcha dos Coriscos que iniciou essa ligação, em 2010, para “desmistificar bairrismos” entre São Miguel e Terceira e para “os micaelenses aprenderem com os terceirenses a viver as festas”.

“Sentimo-nos bem a marchar na Terceira, porque somos bem recebidos e somos capazes de compreender o espírito das festas. Quando marchamos ali, sentimo-nos em casa”, apontou Luís Freitas, membro da marcha.

Os “Coriscos” são já uma presença habitual nas Sanjoaninas e há até quem já marque estadia com um ano de antecedência.

“Representamos a ilha de São Miguel na Terceira durante aquela noite e nos restantes dias do ano acabamos por representar o espírito terceirense em São Miguel”, salientou.

Entre 100 marchantes, há um que chama mais a atenção da população: José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores.

Luís Freitas admitiu que é um “orgulho” marchar com o presidente do executivo, mas disse que a participação de Bolieiro é encarada “com alguma naturalidade”, até porque ele foi um dos fundadores.

“Desperta atenção e curiosidade, mas antes de ser um membro com um cargo importante já era um marchante e foi sempre no mesmo lugar da marcha desde o início”, frisou.

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